Tuesday, December 18, 2007

PILOLO ATOMIKU

"PILOLO ATOMIKU"

O “Pilolo Atómico” foi o nome blasfemo, ou melhor, obsceno encontrado por um grupo de bêbados da nossa praça, em São Tomé, para baptizarem uma mistura de bebidas alcoólicas importadas do estrangeiro com algumas raízes de plantas nacionais com características medicinais. O poder das substâncias contidas nessas raízes contribui para iludir, alegadamente, uma determinada zona do cérebro humano, induzindo o organismo para o estado de excitação sexual e a consequente cópula. Normalmente consumida por indivíduos de sexo masculino, a bebida com características afrodisíacas provocou um alarido nos órgãos de comunicação social e na sociedade civil em geral, de modo que a notícia sobre a sua "descoberta" foi divulgada na “BBC”, que é um canal de informação britânico. Esta notícia não teria sido tão propagada, se os oportunistas, que tentaram adquirir a patente da marca "PILOLO ATÓMICO", não fossem estrangeiros, por sinal, portugueses que são proprietários do restaurante (que têm enriquecido com a ideia e produtos naturais da nossa terra) onde surgiu a ideia indecente sobre a droga que consumiam.


Dentro desse quadro atómico e perverso, surge então a figura principal da Nação são-tomense, Sr. Fradique Menezes, bastante excitado com a novidade que, não escondendo a sua satisfação, faz jus ao "invento", abençoando o produto que para si contribui em muito para o bem-estar e desenvolvimento da sociedade são-tomense. Do ponto de vista desta figura, a sociedade foi salva graças ao “pilolo”, fruto de vícios diabólicos de centenas de delinquentes, cambardas de corruptos e pilantras que frequentam as "tascas", embebedando-se de todo o tipo de bebidas que encontrem à venda, não contribuindo assim para as despesas alimentares do quotidiano. Desde a “cacharamba” até ao “teobar”, do “camilo alves” ao “galo falcão”, de “sagres” ao “uswa”, esses delinquentes já beberam de tudo! Esses destabilizadores de lares e irresponsáveis encarregados de educação e chefes de família chegam a beber “dawa” com “gasolina”! Bebem até não poderem mais...! E o fruto da sua desgraça trouxe-nos um "milagre" para introduzir mais custos nos medicamentos dos futuros consumidores da bebida, que alegadamente poderá advir dos efeitos secundários!


Como se não bastasse, o “Pilolo Atómico” é a bebida preferida do nosso camarada presidente da república! Mas como o andar das coisas não proporciona um melhor divertimento ao Sr. Fradique, nada como um “Pilolo Atómico” para esquecer os problemas da nossa santa terrinha. Problemas, esses, são tantos. O Sr. Fradique não tem mãos a medir; tem problemas que vão desde a falta de produção, a violação de meninas (e agora, até meninos!), empobrecimento da população, aumento do custo de vida da população, falta de bolsas de estudos para estudantes pobres, violação de direitos humanos, o assalto ao “Ouro Negro”, pedófilos, assalto aos cargos governamentais, forte concorrência ao poder, falta de medicamentos nos centros de saúde para os pobres, falta de materiais e equipamentos de ensino, tráfico de influências, falta de combustível, abuso de poder, falta de arroz e farinha de trigo para os comerciantes, concorrência aos órgãos de gestão de dinheiro, "meninos na rua" com fome, falta de investimento estrangeiro, falta de peixe e carne para os pobres, falta de leite para as crianças, punição de cambardas de corruptos e pilantras, falta de salário aos funcionários públicos, exploração de mão-de-obra infantil, falta de automóveis e residências para os governantes, efeito de estufa, ambiente, etc., etc.


A dita bebida é recomendável, a todos os ex-governantes do estado são-tomense, incluindo os ex-presidentes, ex-ministros, ex-deputados, ex-directores, ex-administradores e ex-membros de governos que exerceram posições de gestão da coisa pública, para além dos que actualmente se encontram em activo (exercendo posição de chefia). O efeito desta bebida pode ser bastante positivo para aliviar os reflexos negativos que sobrepõem a mente desses senhores e dessas senhoras. A adição de ácidos (anfetaminas) que compram no mercado paralelo (com o dinheiro do saque das contas de empresas do Estado, “Agências” e Ministérios) com “fresquinhas” e o “pilolo atómico” poderá estimular a devolução de consciência desses malfeitores e acontecer um milagre! Mas como a probabilidade de isso ocorrer é nula, eles continuarão a sua marcha destruidora, enchendo as suas mãos de sangue de pobres infelizes. As juntas médicas continuarão a ser destinadas aos Srs. Drs. e às Sras. Dras; os empregos de maior responsabilidade serão entregues aos filhos, comadres e compadres dos já conhecidos larápios no poder; as bolsas de estudos continuarão a beneficiar os filhos de ricos e poderosos do país; e outras variáveis que faço questão de não as mencionar, por razões óbvias, enquanto não houver algum estimulante que acelere o processamento neural dos pacientes que têm governado os destinos de São Tomé e Príncipe.


Esses dementes alegam que temos a democracia e que tudo fazem para implantá-la, de forma mais ou menos eficiente. Falam da justiça, mas que justiça? A justiça para os ricos (estrangeiros ou não) e (in) justiça para os pobres? A justiça, propriamente, nunca existiu! A República é dos poderosos que sempre estão impunes e se sobrepõem à Lei. O abuso de poder, a desordem de autoridade, a violação de direitos humanos, a violação dos artigos 6º, 7º, 15º, 18º, 22º, 23º, 24º, 25º, 26º, 29º, 36º, 37º, por aí fora, da constituição (2003), o tráfico de influências, os esquemas de bolsas de estudos (recordem o Sr. Costa C*** e Lúcio P***), juntas médicas, de viagens para o exterior, propostas de emprego com remuneração acima da média em troca de favoresdos lençóis”, são as maiores fraudes da justiça são-tomense. Digam-me, por favor, quem são os filhos da terra que vão à Paris, Londres, Lisboa, Rio de Janeiro, Madrid, Nova Iorque, e outra paragens em passeio ou em férias? Digam-me, quem são os pais que têm todos os seus filhos e afilhados a estudar, a residir e a vagabundear nos locais anteriormente referidos? Posso dizer que os filhos de gente sem poder, pobre desgraçado, com boas médias finais, que são atirados de um lado para o outro como se tratassem de peças de xadrez, desesperados e humilhados feitos uns condenados, saberão responder. Outros, infiéis, de alma ensombrada, carregada de pecados e pragas dos seus progenitores, permanecerão calados para sempre.

Jykiti Wakongo

26/11/2007

IDF – Uma Instituição Fantoche

IDF – Uma Instituição Fantoche

IDF – Instituto Diocesano de Formação, instituto que tem como principal objectivo proporcionar um ensino de qualidade e apoiar a docência do 12º ano até que estejam criadas as condições para tal a nível do sistema de ensino público. Muito bem! Mas quem tem acesso a esse ensino privado? Pelos vistos, não presta serviço ao cidadão comum! O nível do 12º ano deveria ser leccionado primeiramente num sistema público, integrado no sistema de ensino do ministério de educação, com acesso livre e ilimitado a todos os filhos da terra, só depois se permitiria uma licença para um sistema de ensino privado. Afinal, para que serve uma escola com um nível não público, um sistema adequado a alguns interesses particulares, claramente “racista”, onde muitos docentes têm características de personalidade duvidosas, contratados pela mão de favores de compadres, prevalecendo interesses individuais de cada um e não de um todo que é o povo.

O IDF, no meu ponto de vista, é uma escola fantoche. Pelo nome, até parece que pretendem formar cidadãos em várias áreas de ensino e simultaneamente pregar a doutrina católica. No entanto, esta apenas serve os caprichos dos dirigentes e seus descendentes, transgredindo os direitos essenciais de não discriminação num sistema como o nosso, particularmente, no domínio do ensino pré-universitário no país. Com base na constituição, direito do cidadão no sistema democrático, e outros factores de justiça social, nunca deveria ter sido inaugurada ou fundada com as características que objectivam a instituição. Ora, se repararem com alguma atenção, notarão quais são os alunos que frequentam aquela escola. Se não forem filhos de papás e mamãs, serão de cooperantes portugueses que vão lá passear e cooperar, levando os seus filhos que são estúpidos na Europa, mas obtêm as melhores notas e médias fabulosas no IDF e no Liceu Nacional, fruto de ignorância e estupidez latente nas cabeças dos docentes de quinta categoria. Nem os docentes oriundos da Europa nem os nacionais são todos, uma corja de “pilantras” tais como os que lá põem os seus filhos.



A instituição foi criada com base no protocolo de cooperação existente entre o governo da república portuguesa e o do nosso país. Com o intuito de privilegiar os alunos que provinham de Portugal, filhos de cooperantes portugueses residentes, aproveitando a boleia, os filhos de alguns nacionais e amigos da igreja, no nome do D. Abílio Ribas, foram completando o ciclo do ensino secundário, o que ao fim ao cabo acaba por colocar uns em posição favorável aquando das candidaturas para bolsas de estudos no ministério de educação. A propósito, o apoio financeiro ao funcionamento do IDF provem de Portugal, deste modo, com a história ligada à religião imposta pelo poder colonial, sobejamente aceite pela maioria da população são-tomense, tem-se criado um tabu para se reivindicar a ilegalidade institucional que opera há vários anos no país. Não se sabe ainda por que carga de água os estudantes não criticam a existência desse estabelecimento de ensino. Devem achar normal que certos colegas seus frequentem aquele espaço de ensino porque merecem e são abençoados pela fé dos deuses. Se num sistema democrático não se verificam transparências desde o sector de ensino, que sustém a base da educação para a formação do indivíduo e a sua valorização intelectual na comunidade em que se encontra inserido, significa que este não deve estar a cumprir na sua plenitude o que pressupõe e tudo o que se perspectiva como projecto ou estratégia do governo não passa de uma fraude. Pessoalmente, não reconheço qualquer legitimidade naquela instituição que se diz de ensino. Deve ser escola para ilustres, mas não é mais do que um embuste contra o povo de São Tomé e Príncipe.

Jykiti Wakongo