Saturday, April 26, 2008

KWA "FULANU"

KWA “FULANU”

Kwa “fulanu” é o título com que presenteio os meus estimados leitores, que incansavelmente procuram descobrir novidades sobre as duas ilhas maravilhosas do equador, São Tomé e Príncipe. Não é uma novidade propriamente dita, porém retrata em certa medida o perfil de um presidiário, e aborda questões sobre os afamados “poderosos” que gerem e geriram a máquina económica e financeira no nosso querido país desde a independência, em 12 de Julho de 1975.


A cena que passo a contar mais adiante daria uma bela curta-metragem nas salas de cinema, embora se tratasse de um dos episódios correntes na nossa terra e que, infelizmente, para a maioria da população não lhe traz benefícios nenhuns. Quando se diz por aí que o carro de “marca” – topo de gama, vivendas, mansões, “glebas”, “vivenxas”, bombas de gasolina, hotéis, restaurantes, lojas, etc., são bens pertencentes a um cidadão ngandu, que outrora não tinha onde cair morto – “ome se xilola”, mas que após uma curta passagem pelo antro do poder, passa a ser considerado de cidadão de classe média-alta, o “pesado”, o “boss”, gente “importante” – nge godo, com influências em todos os sectores que se pode considerar chave da Nação, mandando e desmandando ao seu bel-prazer, na verdade isso não corresponde a realidade dos factos. Os desempregados políticos e outros ngandus passam o seu tempo na diáspora à procura de “amigos” empresários para lhes facultar bons “negócios”, à custa do bem público que, como é do conhecimento geral, não pertence a um só indivíduo, mas sim um conjunto de elementos de uma comunidade, que com o sangue e o suor contribuem para o desenvolvimento da economia de um Estado.

Na prática, as “limpezas” arbitrárias e livres que efectuam ao património do Estado é que lhes garante esse bem-estar, essa demonstração de poder, conduz à arrogância, prepotência, o que faz com que a maioria da população pobre e faminta lhes atribua esses títulos e julgue até que nasceram com o traseiro virado para a lua, devido a imensa “sorte” que tiveram ao longo das suas vidas. Entretanto, se fizermos um balanço orçamental daquilo que auferiram enquanto exerciam qualquer cargo de relevo no governo, e outras fontes de rendimento não declaradas nas finanças, e em contas offshore, pode-se constatar de que nunca foram mais do que larápios. Em grosso modo, deduz-se que quase tudo o que têm logo que assumem uma responsabilidade pública ao mais alto nível pertence ao povo. Por isso, no meu vocabulário, as propriedades, empresas, contas chorudas no exterior, bombas de gasolina, os carros todo-o-terreno, etc., não são como se diz em foro «kwa “fulanu”», mas sim kwa povo!


Num belo dia, passava por um aeroporto e qual não é o meu espanto, quando vejo um foro ngandu de casaco e mala de viagem, com a sua barriga grande e seu rosto que mais se parecia com um curandeiro das cavernas, porém transpirava felicidade e o seu ânimo de "homem de negócios", "empresário", estava no auge. Mal se notava mínima preocupação em relação aos problemas de carenciados e injustiças em São Tomé e Príncipe. Ele já é um injusto em pessoa! Portanto, contra factos não há argumentos! A sua maior preocupação era tratar da sua vida mesquinha e procurar “contactos” com pessoas influentes, de forma a garantir que a sua bomba de gasolina não parasse de brotar o mineral precioso e que ele facturasse muitos milhares de dólares. Os seus olhos encontram-se postos nos blocos de “Ouro Negro”, nos directores da Agência Nacional de Petróleo, nos potenciais investidores norte-americanos, portugueses, franceses, etc., que para ele pouco importa, porque o essencial são as comissões que poderá tirar enquanto rubricam propostas de “contratos” com empresas de prospecção e afins, relacionados com os hidrocarbonetos. Assim que escuta rumores sobre supostos interessados na nova riqueza do país, esse desequilibrado não dorme, passa noites em claro, com se o dia nunca mais chegasse…


A bomba de gasolina e outros negócios obscuros com o petróleo fazem parte dos seus esquemas, para engrossar as somas que conseguira retirar dos cofres do Estado são-tomense, enquanto exercia cargos de mais elevada responsabilidade política e governamental. Certos ngandus que se constituíram bandos para sacar algum dividendo na exploração do "Ouro Negro" em São Tomé e Príncipe são proprietários de empresas ligadas ao sector de fornecimento e distribuição de combustíveis. Mas para além destes, muitos "ex-dirigentes" são igualmente "empresários", têm táxis na praça, lojas de conveniência (onde vendem bens desviados do Programa Alimentar Mundial, bens do GGA - Gabinete de Gestão de Ajudas, etc.).


Esses estafermos viciaram todo o nosso povo ao hábito lúgubre chamado de "banho" ou “carbureto”, que é adverso às nossas tradições culturas, e que significa fazer um favor ao próximo, o mais simples que seja, sempre em troca de uns "cobres". Para além disso, o povo foi assimilando ainda comportamentos associados ao embuste sem escrúpulos, fazendo falsas promessas, aquilo com que nos foram acostumados desde a "queda" do partido único, onde mais ninguém parece querer ser honesto; o povo aprendeu a aldrabar o próximo com palavras animadoras, cheias de entusiasmos e aconchegantes, mas que com o passar do tempo se transformavam num fenómeno de frustração e de desespero latente. Este facto enquadra-se em todos os actos do cidadão comum são-tomense. Por exemplo, num casal de amantes ou namorados já não existe confiança e o respeito de parte a parte. Portanto, ninguém confessa do fundo do seu coração com dignidade e honra de que deveria revestir a sua alma, fazendo de si um cidadão exemplar, que zela pelos seus deveres e direitos aos olhos da "lei". A desordem é total!


Quanto ao comportamento do indivíduo que caracterizava no início do texto, poderia definir-se como autor de uma atitude desonesta, como a manipulação de créditos financeiros, aplicados em processos fantoches, onde proliferam de tráfico de influências, abuso de poder, usurpação de bens públicos e muitas outras atrocidades. Um dos donos de bombas de gasolina (combustíveis, para ser mais específico) que avistei num aeroporto é tal Sr. de olho viló, chamado Guilherme Octaviano Viegas dos Ramos. Esse gajo é um condenado (infractor de grau cinco, na escala de 0 -> 5; autor de vários crimes puníveis com a pena de prisão efectiva; diante de um juiz sério, deve multas, chicotadas e trabalhos forçados à sociedade são-tomense), ex-político (embora seja uma carreira ingrata, em pouco tempo se fez um "business man", é só ter boca doce com palayes e candongueiros), ex-sociólogo (uma profissão que deveria ter exercido com dignidade), ex-ministro de educação (um dos cargos mais elevados que exerceu durante poucos meses, mas que bastou para cometer transgressões gravíssimas), actual “negociante” de hidrocarbonetos (eu diria aldrabão do petróleo, porque farta-se de queixar do aumento de combustíveis, mas a sua bomba continua aberta, e até a data não declarou falência)... O tipo em questão, passa a maior parte do seu tempo a arquitectar esquemas nessa sua cabeça desequilibrada, passeia (assim como a “esposa e filhos”) pela Europa, América (continente americano), China-Taiwan e outros territórios, com o dinheiro do povo e, em seguida, aproveita para ir à busca de piratas estrangeiros, alguns brancos empresários e endinheirados que lhe possam propiciar um “contrato” milionário e assim tornar-se mais afortunado do que já é.


É uma tristeza ver esses miseráveis tirarem proveito do desespero de pobres coitados e, tal como o diabo, castigá-los sem razão aparente. Sobretudo, os que trabalham dia e noite à procura de pão para dar de comer aos seus filhos. Eles se esquecem que têm filhos e que não viverão para sempre. Um dia terão que abandonar essa vida de assaltantes das contas públicas e de burlões, depois que forem chamados a prestar contas com o capeta.


Enquanto fazem mal ao povo, ao "pequeno", que merecem o mesmo que proporcionam aos seus entes queridos, não se esqueçam que também têm filhos, mulheres e netos...
Hoje, podem ser ricos, mas amanhã quem saberá? No inferno, são aguardados senhores… “Alá” - Iyemanja não dorme!


WC, April 26
Jykiti Wakongo

Thursday, April 24, 2008

MONKO

MONKO

Monko (ou moncó) é a designação atribuída aos naturais da ilha de Príncipe, pelos foros e angolares da Ilha-Mãe, São Tomé. Trata-se de um povo bastante perturbado com o facto de representarem apenas cerca de 4% da população são-tomense, habitando numa área relativamente pequena comparada com a da ilha de São Tomé. Os monkos que constituem os cerca de entre 7000 e 8000 indivíduos, sensivelmente, têm no seu meio uma percentagem significativa de descendentes de caboverdianos, que pode atingir uns 30% em toda a ilha do Príncipe. São esses membros de origem mestiça e bastarda, imigrantes das ilhas de Cabo Verde que manifestam comportamentos bastante impróprios para uma cidade civilizada. Têm maus habitos, comportam-se de forma bastante agressiva e violenta. Foram trazidos para o arquipélago sob a força do regime fascista português para o trabalho escravo, na época colonial, e nunca mais foram repatriados pelo governo de Pinto da Costa, logo após a independência, ou por um outro qualquer posterior. Tanto esses como os tongas de "gabão" foram deixados para trás pelos invasores e colonos portugueses, entregues à sua própria sorte, abandonados nas antigas roças de café e cacau, acabando de forma natural por se integrarem no seio da comunidade são-tomense sem discriminações acentuadas. A maioria desses descendentes não conhecem outro território que não aquele em que viram seus pais nascerem e que pertence ao arquipélago de São Tomé e Príncipe, por isso deveriam considerar-se cidadãos nacionais e não caboverdianos. Não obstante, reclamam que são caboverdianos! Estranho, não?! Os dirigentes caboverdianos dirigem-se às ilhas de São Tomé e Príncipe, às antigas fazendas de brancos, onde continua a residir uma forte comunidade de descendentes de Cabo Verde, cujo breve historial retratei no artigo intitulado "KABUDJU", em arquivo.


Se a nacionalidade desses "principenses" e "são-tomenses" de origem caboverdiana não é definida pelo sistema político são-tomense de forma clara e transparente face à lei vigente, então estamos perante um dilema! Temos vindo a observar que políticos caboverdianos têm-se imiscuído em situações políticas de carácter nacional, tendo exercido fortes pressões, forçando os desiquilibrados dos políticos do governo regional e central são-tomense a cederem à acções de "desenvolvimento" e "progresso" de cidadãos do Príncipe, em projectos de ensino, etc., em parcearia com o Estado são-tomense. O que ao meu ver, julgo tratar-se de um gesto mesquinho por parte do governo caboverdiano, que tomaram posições políticas dentro do nosso território, tentando ganhar protagonismos baratos e projecções estratégicas de humilhação do nosso país, usando inteligentemente os "políticos" incompetentes das nossas ilhas, para demonstrarem solidariedade para com a parte do seu legado histórico no nosso país. O mais grave é que o projecto de "cooperação" envolve uma intervenção directa de cidadãos estrangeiros exercendo actividades de índole sociocultural do Estado são-tomense e, pior do que isso, a prestação de serviço a uma comunidade portadora de nacionalidade são-tomense. Não é absurdo!? Um outro absurdo, segundo a minha perspectiva, é o facto de existir uma enorme injustiça e discrepância na gestão de coisa pública por parte do governo central, relativamente à região autónoma de Príncipe, uma vez que o financiamento (orçamento não justificativo feito pelo governo central, tratando-se de um território autónomo) e a partilha do grosso de infraestruturas constituem em termos percentuais 60% para a ilha de São Tomé e 40% para a ilha do Príncipe. Uma percentagem absurda se contabilizarmos o número de população das duas ilhas.


Se avaliarmos a vergonha política que se vive em São Tomé e Príncipe, pode-se admitir que é iminente uma nova colonização no território nacional, com o consentimento integral dos dementes "políticos" sem escrúpulos, e que pode não constituir uma surpresa para os mais atentos! A pobreza mental gritante que é peculiar dos ngandus leva a que se possa concluir essa possibilidade. Contudo, gostaria de ver declarações abusivas serem proferidas e acções de natureza humanitária serem levadas a cabo em regiões problemáticas onde residem milhares desses labregos mestiços, pela Europa, América, etc., sem condições mínimas e humanas de habitabilidade, onde seria imperativo a intervenção de altos dirigentes caboverdianos; onde são sim, legalmente, considerados estrangeiros, cidadãos africanos, pretos, ou ainda, imigrantes de primeira ou segunda ou terceira geração. Em estados como os EUA, a Holanda, a França, a Espanha, o Portugal, o Moçambique, a Angola, o Senegal, etc.,empregam-se políticas constitucionais coerentes, seguindo uma certa lógica e não admitem tamanha falta de respeito diplomático dessa natureza. Nestes países, não se vêm políticos caboverdianos criticarem os seus sistemas políticos de governação, alegando injustiça e maus tratos contra os filhos de Cabo Verde, pelo contrário, fortes elogios são tecidos aos responsáveis políticos pelos esforços desenvolvidos e trabalhos desencadeados pelas perfeituras, câmaras municipais, organizações não-governamentais, e outros orgãos de âmbito sociocultural. Portanto, o que se passa neste momento é objecto de uma reflexão profunda. A manifestação de uma atitude pretenciosa, calculista e desproporcional, por parte daqueles imbecis mulatos, obriga-me a alertar para que saibam que não se tratam de poucos milhares de "miseráveis" que existem em STP, muitos em melhores condições de vida do que os nativos (foros) ou angolares, mas sim de dezenas e dezenas de milhares de descendentes de caboverdianos que padecem longe da sua terra.


Príncipe (Ie, em lungye) é uma ilha em que os naturais (diria, desnaturados) consideram como esquecida pelos governantes do arquipélago, "separada" da Ilha-Mãe, um território à deriva, que de forma absurda merece uma independência de São Tomé e Príncipe. Pelo mundo, os monkos queixam-se por causa da falta de apoio financeiro, de justiça, da educação, de bens alimentícios, da saúde, de transporte, electricidade, água potável, etc.; sentem-se discriminados pelos originais da ilha de São Tomé, todavia, são os primeiros que se auto-afirmam como pertencentes a um grupo à parte, "cidadãos do Príncipe", "principenses", ignorando os nativos da ilha de São Tomé. Esses ingratos e monkos bastardos são como camaleões, não têm uma conduta firme no que toca à sua origem, à valorização da sua cultura. Alguns, ouvi dizer que se consideravam como sendo 90% caboverdianos e 10% europeus, mas que, surpreendentemente, haviam nascido na ilha do Príncipe e aí residido até a idade adulta e pelo menos um dos parentes era de origem foro ou monko.
Não querendo generalizar, alguns foros, porém, também têm trilhado por esse caminho, não admitindo sob hipótese alguma serem identificados como foros, africanos, assim que fixam residência no exterior (como estudantes ou imigrantes) ou, mais frequentemente, quando renunciam à nacionalidade são-tomense e adquirem uma europeia ou de países de mestiços bastardos. Logo que se vêm distantes da Ilha-Mãe que lhes viu nascer e pousam na terra do "salvador abençoado", renegam todos os seus "amigos" e colegas de infância, parentes e ligações culturais com as ilhas maravilhosas. Somente, após longos anos de paródia na diáspora, pensam em matar saudades durante uns dias, mas desaconselham veemente os seus filhos e amigos que tencionam residir em África, porque segundo os seus pontos de vista (intrínsecamente fascista) é um "verdadeiro inferno"! Eu repudio impetuosamente esse comportamento traidor e venenoso contra africanos, salientando que o terrorismo e o inferno existe no mundo "civilizado", com consequências inerentes ao consumo de estupefacientes, liberalização da prostituição, promoção pela televisão e propagação de comportamentos sexuais macabros, promoção de infidelidade, crimes violentos, atentados bombistas em cidades, injustiça contra pobres, etc.


Na diáspora, os monkos posicionam-se no lado dos coitadinhos, oprimidos e desprezados pela terra, pelos governantes (foros), embora lhes dêem muito mais do que merecem na realidade. Pousando de miseráveis, vão formando pequenos grupos de monkos (e alguns amigos europeus, africanos, desde que não sejam "são-tomenses" - foros ou angolares), em vários países da diáspora (Gabão, Angola, Brasil, Portugal, França, UK, etc.), e vão pedindo esmolas e reconhecimento de um pvo injustiçado, rejeitado num território negligenciado, pobre, e apelam por solidariedade de outros povos "irmãos", desde que tenham capital e sejam europeus (ou fiéis a um regime pro-europeu). Não entendo bem por que não trabalharem sossegados aí na ilha irmã do Príncipe, aproveitar a paz, a tranquilidade e a beleza paisagística que a terra oferece. Porque diabo, vivem acusando os foros de serem os culpados de todos os seus males?
Ainda na diáspora, pelo facto de estudos de empresas petrolíferas estrangeiras terem divulgado prováveis localizações de blocos de prospecção com maior quantidade de hidrocarbonetos em regiões próximas da ilha do Príncipe, os monkos não têm feito outra coisa senão falarem da possibilidade daquela riqueza pertencer exclusivamente aos naturais da ilha. Andam como loucos procurando apoios de empresas e, eventualmente, individualidades, de maneira a que se fomentem revoltas no sentido de se afastarem constitucionalmente da ilha de São Tomé e Príncipe. Pode-se ver o que foram capazes de fazer com a "autonomia"! Mesmo com verbas que são enviadas com regularidade pelo governo central. É lamentável ouvir-se que pessoas tão desequilibradas quanto esses monkos, que têm essa ganância e apresentam enorme estupidez intelectual, pretendem uma independência para a ilha do Príncipe.


A ilha do Príncipe é chamada de Região Autónoma de Príncipe, que de autonomia nada tem e os seus "dirigentes", têm todos residência, vida familiar e negócios em São Tomé. Quando se encontram em "Pagé" - ilha do Príncipe, ainda pobres e sem poder, criticam ferozmente os são-tomenses, naturais da ilha de São Tomé, os dirigentes do poder central, mas alcançando o patamar do poder, nada mais têm a opôr-lhes e levam uma vida de reis, esquecendo-se de promessas e projectos de apoio às populações carentes e deixando de ser "principenses"!
Generalizando, o poder regional funciona com a mesma "cavalgada" que o central, por isso constata-se que todos esses ngandus malfeitores, enquanto tratarem dos seus interesses pessoais, nada mais importa! Os desiquilibrados desses ngandus venderão parcelas de terra (glebas), pertencentes ao povo à estrangeiros, por dez "vinténs", e ignorarão todos os cidadãos e desgraçarão os que tentarem impedir as suas corridas desenfreadas e gananciosas ao saque e às fraudes. O caso prático é o exemplo dos habitantes do ilhéu das cabras... mas outras situações lamentáveis e infelizes têm sucedido noutros pontos do território nacional, em negócios onde empresários estrangeiros se apoderam da terra e das pessoas que empregam, tratando-as sem um mínimo de dignidade. Quando os responsáveis pelo empreendimento tomam conhecimento por via da comunicação social, apenas aí, vêm afirmar que desconheciam o facto, e que medidas serão tomadas no sentido de se fazer aplicar as leis. Mas tudo não passa de uma mera distracção e manobra de maladro, porque no final de semana, eles mesmos são clientes nessas instâncias hoteleiras ou turísticas, acabando por ir ao recreio e jogar umas suecas com os alegados infractores.


Devido ao facto dos meus textos apresentarem linguagens fortes e duras, poderei erroneamente ser entendido como um elemento subversivo, ser caracterizado como um radical, embora nada tenha contra os nativos da ilha do Príncipe, porfiando apenas pelos direitos de cidadãos com uma nacionalidade e, por isso, julgo merecedor de uma opinião como direito que me assiste, independentemente da forma como é exprimida.


Arizona (West Coast,USA), April 24
Iyemanja zuda non,
Jykiti Wakongo

Wednesday, April 16, 2008

A "RDP-ÁFRICA" ou RDP-PORTUGAL?

A "RDP-ÁFRICA" ou RDP-PORTUGAL?


A "RDP-ÁFRICA" representa uma "instituição" inútil ao serviço da informação para África, ou seja, África-Lusófona. A única serventia é a satisfação de caprichos de determinados sadomasoquistas europeus e seus descendentes por este mundo fora. Quando vejo os olhares odiosos e "piropos" desses repórteres ou pivôs de televisão, jornalistas, locutores de rádio, comentadores europeus contra os negros e a cobiça enorme sobre as riquezas africanas, até mete nojo. Isso não é jornalismo! É uma tremenda vergonha o que se vê. Uma autêntica propaganda política com propósitos ainda desconhecidos pela maioria de negros africanos, foi movida pelos europeus e seus comparsas, cujos parâmetros foram selectivamente arquitectados. Isso, podem crer que foram. Lamentável é verem-se dirigentes, responsáveis pela tutela da informação e cultura em São Tomé e Príncipe elogiarem os trabalhos desses depravados e dementes que se dizem jornalistas, que fazem a comunicação ao serviço dos interesses de políticas de Direita sobre a África para o mundo. No meu ponto de vista, quando passam peças que retratam a desinformação, a retaliação deverá ser imediata! Expulsam-se todos esses vermes e processa -se o Estado de onde são originários os infractores, bem como os respectivos bastardos. Da mesma forma que não nos perdoam quando acontecem episódios tristes e infelizes na nossa sociedade e reportam com o maior dos prazeres, não lhes devíamos perdoar a tamanha falta de respeito e de bom senso no exercício da sua profissão no nosso continente, em particular, em São Tomé e Príncipe.



Quanto a mim, essa "instituição" apologista de uma campanha difamatória contra o continente africano, deveria ter um outro nome, RDP-PORTUGAL. Tal como a “RDP-ÁFRICA”, existe um outro programa que era nojento, racista e xenófobo, cujo lema era mostrar os trabalhos inovadores e projectos que proporcionam o desenvolvimento de ÁFRICA, denominado de “ÁFRICA-GLOBAL”. Este não fazia mais do que denegrir a imagem dos negros que viviam numa situação lastimável de extrema pobreza. Naqueles países que visitavam, não reportavam a parte boa ou a cidade, mas sim as periferias, e indivíduos que viviam em limiar de pobreza e situação degradante na sociedade. Se fosse para isso, não era necessário a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa) falsear os objectivos dos programas para a ÁFRICA, na altura da assinatura de "acordos" de cooperação entre os dois continentes. Porque está a vista de todos que os conteúdos não se figuram absolutamente com os afamados "objectivos".


Enquanto nos curvarmos perante esses impostores que de forma mais descarada humilham e abusam da ingenuidade, humildade e ignorância dos negros, continuarão a fazer essas poucas vergonhas e colocar no ar informações adulteradas e outras que merecem censura, devido ao seu carácter chocante e degradante segundo os padrões éticos que respeitam na Europa e países apologistas do regime branco (todo o Ocidente, EUA, Austrália, Brasil, etc.,...). É do nosso conhecimento que as notícias do foro regional e nacional, com carácter depreciativo, não são divulgadas pelos sistemas de informação desses países europeus para a ÁFRICA ou mesmo para o mundo. Quantas cenas deploráveis de miseráveis vivendo na caverna em condições “subumanas”, de cidadãos de segunda passando por dificuldades financeiras graves e cometendo suicídios, assassinatos, crimes relacionados com o consumo de droga, prostituição, burla e outros crimes violentos acontecem diariamente nesses ditos países civilizados, avançados, praticados por brancos? Mas por que razão não enviam essas peças para as televisões, rádios e os jornais de países africanos, e de todo o mundo? Parece que não têm e apenas acontecem cenas maravilhosas como em novelas e filmes de Hollywood!


Um apelo que faço aos nossos governantes cobardes, para que não fiquem acanhados e se amedrontem por causa do negócio que assinaram, para sustentar interesses de certos camaradas, é: “…não admitam de modo algum que se envergonhem as casas dos são-tomenses!”.


Iyemanja zuda non,
Jykiti Wakongo

CANDOMBLÉ NO BRASIL

CANDOMBLÉ NO BRASIL

O Candomblé é uma religião africana que foi levada da África para o Brasil pelos escravos, e perdurou durante séculos apesar da forte e feroz opressão do branco brasileiro (colonos europeus e traficantes de seres humanos em África), que pretendia apenas fazer valer a sua cultura e os seus valores na sociedade que criara. Esta religião é muito expressiva na comunidade negra do Brasil, embora severamente censurada pelo sistema político-social do governo eurobrasileiro. Esta manifestação religiosa foi durante séculos praticada por negros às escondidas em paralelo com o catolicismo que fora importado pelos europeus da "história" malabarista, cheia de erros e versões sobre os profeta e Jesus Cristo.


É largamente conhecido pelo culto de orixás que representam uma determinada área de acção, desenvolvida em fases até se considerar competente para o sacerdócio (também conhecido como pai ou mãe de Santo) e capaz de transmitir mensagens através da alma da natureza e dos espíritos. Mas estes Santos nada têm qualquer cotejo com os que são "baptizados" e "beatificados" pelos Papas da MALDITA igreja católica. Considero as práticas de diversas religiões europeias autênticas INTRUJICES. Todas elas foram baseadas em relatos deturpados de piratas bêbados, de vigaristas, de nobres dementes, feiticeiros da corte real, e vários mitos que se propagaram à custa de sacrifícios humanos sem precedentes. No caso particular da "igreja católica", a sua implantação em muitas sociedades foi impingida sob a força de armas e linchamentos públicos, castigos arbitrários, comparticipações no extermínio de determinados grupos de seres humanos, apoio em propagandas racistas em comunidades negras, etc., perpetrados por centenas e milhares de brancos que dirigiram o destino da humanidade e detiveram o poder durante séculos, para se enriquecerem. Pelo menos, a história reza que estas barbáries tiveram o seu lugar numa época que ficou conhecida como a de inquisição.


Mas até a data a força da igreja católica ainda faz girar o mundo sem que nos dêmos por ela. Senão vejamos, qual é a instituição mais rica e poderosa do mundo? Qual é o estado mais rico do mundo e o que representa? Quantas toneladas de ouro, outras pedras preciosas, e bens materiais incalculáveis e somas gigantescas em bancos pertencentes à igreja católica? Falam em ajudar o próximo, os irmãos pobres, os doentes; têm a santa casa de misericórdia, criaram os santos, os perdões, as "confissões" (que mais não passam de centro de espionagem secreta da sociedade civil), etc., etc., etc.


No Brasil, os negros deveriam banir a ideologia religiosa introduzida à chibatada pelos colonos europeus e recuperar a sua verdadeira crença, a sua filosofia de vida ajustada ao mundo moderno, e associar ícones que se reflectem na sua identidade. Com o Candomblé, o negro, portador de energia espiritual única, se lutar para impor as suas raízes ancestrais ou parte delas, será feliz no Brasil, comparando com as dezenas de religiões e seitas criadas pelos brancos malfeitores para satisfazerem os seus interesses pessoais, em que os negros são fiéis seguidores.


A promoção e a divulgação do Candomblé como parte daquilo que pertence ao negro como filho de África, como parte integrante da cultura negra, podem ser vistas como um ponto de partida para a manifestação na sociedade brasileira (comunidade negra) em prol da definição do Homem Negro no Brasil. Somente desta forma poder-se-á conduzir à expansão de valores culturais africanos, que é um factor preponderante para que os negros se desliguem do marasmo em que se encontram mergulhados e da dependência sistemática da orientação eurobrasileira.


A partir da igreja, por causa da fé que emana no espírito humano, conseguem-se moldar almas, construindo indivíduos aparentemente cultos e ignorantes ao mesmo tempo, mas com ideias de prestar serviço ao senhor que é branco (o caso da caricata história de Galileia é um dos exemplos). Daí que os colonos e estadistas europeus fizeram e ainda fazem o uso da sua força para dominar o povo.

Não há nada como um estúpido e ignorante com fome! A sua fé consiste somente em conseguir matar a sua fome, seja por milagre de Deus ou dos homens…

Haja um Deus Negro, mas não na perspectiva do homem branco...


Iyemanja zuda non,
Jykiti Wakongo

O CONFLITO ENTRE BLOCOS EM STP

O CONFLITO ENTRE BLOCOS EM STP

Longos anos se passaram desde que, estudantes são-tomenses, assim tinham vontade (ou por indicação dos pais) de fazer a sua formação ao nível médio ou superior, se candidatavam no Ministério de Educação e Desporto, para poderem sair do país para a ex-URSS, Cuba, Alemanha - ex-RDA, países do Bloco de Leste ou Oriente, e outras potências com a implantação de uma política socialista e aspirantes ao comunismo, para além do caso de Estados apologistas de Apartheid, como o Brasil. Para diferentes destinos, foram em nome do Estado são-tomense, seja na época pós-partido único, enviados milhares de cidadãos são-tomenses, jovens estudantes ingénuos, com muitos sonhos. Muitos ainda nem haviam terminado os seus estudos liceais e tinham uma bolsa de estudo como pioneiros da revolução para o exterior. Tudo isso se passou há escassos vinte, trinta anos, sensivelmente, onde já homens e mulheres regressaram às maravilhosas ilhas de S.T.P. com a intenção de fazer valer os seus conhecimentos, porem em prática a doutrina impingida no país de formação, tal e qual um recruta treinado para a frente de combate. Porém, começaram-se a fazer sentir os reflexos de um certo dogmatismo, um estado de estagnação mental e um elevado grau de desconhecimento básico relevantes sobre as suas áreas de “especialidade”.


Tentemos justificar o facto, para o tempo do Sr. Pinto da Costa, em que os responsáveis não necessitavam de qualquer grau académico ou conhecimento adequado para dirigir uma empresa agro-pecuária, um hospital, uma escola, uma instituição de Estado, etc., devido à carência e, simultaneamente, à exigência premente na altura. Pode-se imaginar que aquilo se passou apenas naquela fase, em que havia um número insignificante de quadros, num país que acabara de nascer, em que se tinha tudo por fazer, e era urgente para um Estado virgem tomar aquele passo politicamente, todavia não foi isso que se foi constatando ao longo dos anos. Passaram-se anos, o regime do partido único teve a sua queda com o murro de Berlim, e a história começou a ser escrita de uma outra forma. O rumo dos acontecimentos revolucionou tanto o Bloco de Leste e o Ocidente, de uma maneira geral. Porém, enquanto se enviavam uns estudantes para um dado Bloco, outros, embora em menor número, eram enviados para um outro Bloco (Ocidente, com uma política fascista ou democracia liberal).


Após a emigração em massa de recentes “quadros formados”, vindos de diversos pontos do Globo, os conflitos de interesse verificaram-se, e a partir daí começaram a existir indefinições conceituais e indecisões em tomar partido da cor política e corrente ideológica que se movia nas mentes desses jovens promíscuos. Ingénuos, centenas desses jovens foram se integrando em fileiras partidárias as quais desconheciam os ideais defendidos. Com o passar do tempo, o que lhes era estranho torna-se familiar e, para se acomodarem nos seus tão almejados cargos de destaque, vão sucumbindo aos caprichos de membros influentes das cores que militavam e que têm salvaguardado o seu posto de trabalho. A prova disso foi o número de partidos políticos que S.T.P. viu nos últimos tempos, para um país com apenas cento e cinquenta mil habitantes!


É bom que não nos esqueçamos de que, tal como enviavam para o Bloco aspirante comunista, foram igualmente enviados jovens para formarem em territórios que defendiam um regime oposto, militado por países “pseudo-Ocidentais”, principalmente para França, EUA, Portugal, etc., e outras escolas que pregavam outro tipo de ideologias adversas aos que aprendiam os seus irmãos que se encontravam no outro lado da trincheira - Bloco comunista. Não foi necessário esperar-se por muitos anos, para se notarem diferenças e choques de ideias e de concepções normativas da sociedade que nunca se enquadravam ou coadunavam com o pensamento africano, especialmente a realidade cultural são-tomense. O mais caricato no seio de toda esta controvérsia é que se foi deparando com jovens que, outrora inteligentes e distintos estudantes, provenientes de “prestigiadas” universidades do Bloco socialista, não possuíam a mínima capacidade de exercício mental e intelectual que se exige a um técnico com a licença de que era portador. Tem-se verificado que muitos deles, que inicialmente iam leccionar nos ensinos básicos e pré-universitários, antes de conseguir uma colocação como quadro efectivo (numa suposta área de trabalho – “Projectos” em Ministérios), não reuniam competências básicas para serem considerados licenciados. Nas direcções ministeriais ou em direcções de serviço de implementação de projectos de interesse do Estado, quando chamados revelavam enormes incapacidades técnicas e não conseguiam fazer melhor do que um aluno do primeiro ano universitário, em universidades reconhecidas internacionalmente. Pequenos relatórios técnicos ainda são feitos com imensos erros, inviabilizando muitas vezes a aprovação por parte de instituições cooperantes, e outras de natureza político-económica mundial, como o Banco Internacional. Por vezes, o governo é aconselhado pelos doutores europeus ou norte-americanos a contratar técnicos estrangeiros ao preço de ouro, para solucionar pequenas falhas e erros de operação.


Vemos os “trabalhos” vergonhosos, inqualificáveis, publicados em sítios digitais de S.T.P., com assinatura de economistas, engenheiros, médicos, jornalistas, mestres, etc., que tiram todo o mérito aos que realmente possuem esse estatuto. Com a criação de universidades em S.T.P., seriam exigidas contratações de quadros preciosos com nível superior, nessa fase de desenvolvimento do sector educativo, mas como podem imaginar, os mesmos senhores que não tiveram sucessos em provas prestadas em provas de alto nível, no estrangeiro, e outros sem qualificação básica necessária para integrarem a equipa de docentes, é que se encontram actualmente em exercício nas mesmas instituições de ensino, infelizmente. O que se pode esperar de um sistema de ensino de incompetentes? Um país incompetente, sem crédito e um sistema que conduz a um aumento de número de “profissionais” ignorantes e incompetentes, que se julgam ter apreendido algo, comparados com os seus homólogos em outras universidades. Muitos daqueles “docentes” nem podem se atrever a passar por uma avaliação pedagógica em universidade de Oxford, de Cambridge ou mesmo portuguesa (a não ser aquelas privadas onde haja corrupção). O que se manifesta claramente com as incessantes mudanças de governos num escasso espaço de tempo, motivadas por frequentes crispações internas num "partido-pai". Alerto para o facto de não querer com isso rotular todos os jovens quadros de paralogismo.


Muito se tem discutido acerca de recém-formados provenientes do Brasil, de Cuba, da ex-URSS, do Bloco de Leste, que nem parecem ter passado por testes com um elevado grau de exigência mental e conhecimento profundo sobre o mundo que os rodeia. Mas a verdade é que se pode provar que não estão habilitados com conhecimento que afirmam possuir. Para terminar e tentando ser menos influente na opinião que tenho sobre os jovens formados nas duas vertentes políticas, coloco-vos algumas questões.

- Será que os jovens que foram enviados para países com a onda revolucionária do comunismo possuem um conhecimento equiparado aos que formaram, por exemplo, em França, Reino Unido, EUA, Espanha ou Portugal?

- E o que acham das universidades instituídas em STP? Será que não precisamos de uma universidade onde possamos formar quadros qualificados e reconhecidos internacionalmente, onde pode haver intercâmbio de estudantes de todo o Globo?

El-A., Mars 7
Jykiti Wakongo

A Sociedade Juvenil São-Tomense

A Sociedade Juvenil São-Tomense

O facto de estarmos actualmente a viver uma fase em que existe uma forte propagação e um acesso bastante grande à informação, as sociedades em todo o mundo têm-se transformado numa comunidade pequena, onde cada membro dessa comunidade desempenha um papel preponderante na vida social do outro, a distâncias extremamente grandes, trocando ideias, experiências, conhecimentos, etc. Apesar dessa proximidade e da fácil acessibilidade a todo o tipo de informação, os jovens têm demonstrado enormes dificuldades em lidar com vários aspectos inerentes à vida dos cidadãos numa sociedade. Nota-se que, cada vez mais, por factores de ordem diversa, os jovens negligenciam a sua identidade, ficam alheios às questões que primem com a sua afirmação no meio sociocultural.

A juventude como base que suporta qualquer sociedade constitui um grupo social bastante importante, do qual depende toda a estrutura económica, política e social de qualquer país. Por isso, esse grupo composto por jovens, que contribuirá para a dar continuidade a políticas sociais e construção de modelo de sociedade para o futuro, deveria acompanhar mais de perto os problemas existentes na nossa sociedade e discutir as estratégias que são definidas pelas autoridades governamentais, para que se possa orientar da melhor forma o destino de milhares de cidadãos são-tomenses. A ausência de uma participação activa dessa camada da população civil nos aspectos prementes da nossa sociedade tem sido muito prejudicial para os nossos jovens de hoje. A falta de definição de valores culturais, hábitos e costumes, de afirmação social, de orgulho nacional, cedendo às influências de culturas estrangeiras, tem empobrecido a cultura intelectual dos que deveriam lutar pela manutenção da coisa que é sua e foi dos seus antepassados, evitando a colonização ou neo-colonização voluntária, o que torna a nova geração uma Geração Perdida. Há que se direccionar os jovens a desenvolver e promover discussões e reflexões acerca das causas que estão subjacentes ao facto de se verificarem fortes negligências em algo que lhes diz respeito. Portanto, trata-se de uma questão que requer uma atenção especial por parte dos responsáveis, que somos todos nós, no sentido de assumir uma posição mais linear na preservação e na difusão às gerações vindouras, daquilo que nos caracteriza como gente, pessoas de tradições virtuosas, dignas de respeito e zelosas de seus valores.


No que concerne às directrizes a seguir, isso será algo a ser delineado pelo grupo social, segundo as características e os padrões culturais em que esse grupo se encontra inserido. As preocupações e os anseios dos jovens podem ser ouvidos e resolvidos perante uma união estruturada e bem organizada de membros da comunidade com capacidade de intervenção e actuação, recorrendo-se às ferramentas de associativismo e outros meios de busca de caminhos para a procura de respostas aos mesmos, respeitando as normas e regulamentos de que fazem parte a nossa constituição. Quanto às metas a atingir, de uma forma muito resumida, pode-se afirmar que são: a mobilização dos jovens no sentido de os motivarem a aderirem a movimentos sociais e culturais que manifestem e promovam actividades culturais do nosso país, para que estes encontrem uma ligação fraternal e harmoniosa com o que os identifica como cidadãos são-tomenses; dar uma maior abertura para escutar quais os objectivos dos jovens e dinamizar o diálogo e trocas de experiências entre as demais camadas etárias da nossa sociedade; contribuir para o encontro do que se entende por afirmação de um cidadão (especialmente, numa fase bastante importante da vida de um indivíduo, i.e., quando se atinge a maioridade) numa sociedade, a descoberta de uma identidade que desconhecia.


Os obstáculos para almejar as aspirações com os quais sonham centenas e milhares de jovens em São Tomé e Príncipe, devido aos diversos factores alheios à sua vontade, são muitos. Mas todos sabemos que não devemos cruzar os braços e deixar que alguém resolva os nossos problemas por nós! Os problemas patentes na vida dos jovens como os de desemprego, educação, miséria, habitação, pobreza, salubridade, saúde, alcoolismo, abandono familiar, subnutrição, etc., têm perseguido o quotidiano dos mais fracos e desfavorecidos dentro da nossa população, mas nem por isso nos devemos deixar abater por eles. Temos que perspectivar novas medidas robustas de combate a esses males que afligem teimosamente a sociedade são-tomense, porém, não devem ser definidas ao prazer de uns e outros que pretendem atingir propósitos pessoais, procura de alcance de prestígio do seu nome pessoal, em nome da sua acção “humilde”.


A utilização de meios de comunicação, nomeadamente a Internet, a imprensa digital ou o correio electrónico, que fazem parte das novas tecnologias, no processo de informação e divulgação de assuntos relacionados com questões da actualidade e anseios com que deparam constantemente os nossos jovens infelizes, proporciona uma maior viabilidade nos contactos e permite um intercâmbio com uma maior abrangência no grupo alvo. Não obstante, não se pretende com isso, que os visados não tomem iniciativa quanto à procura de formas de demonstrar o seu descontentamento em relação ao programa de ensino, que não transmite nem incute valores nacionais; na forma como se planeia o desenvolvimento de prática desportiva nas escolas; manifestando perante o não reconhecimento de acções por eles levadas a cabo, especialmente de carácter cultural; acerca da desvalorização dos interesses dos jovens por parte de autoridades competentes, que não lhes ouvem com a atenção que merecem. Trata-se mais de um direito democrático, um apelo a uma liberdade de transmissão de ideias ou informações que beneficiem um grupo integrante da sociedade civil e não de uma revolução social. Neste contexto, fica um convite a toda a camada jovem da nossa sociedade para que abram a sua mente e tenham coragem de se afirmar, de modo que não sejam esquecidos e corram o risco de serem rotulados de “Geração Perdida”.

Dra. Belinda Wakongo
14/12/2007