Monday, January 28, 2008

Mais Um Natal e Um Ano Novo

Mais Um Natal e Um Ano Novo

Mais uma vez, o Nata bate-nos à porta! É Natal, é Natal! Exclamam todos! Porque será? Ninguém sabe ao certo, mas usado em tempos para forçar os servos a tornarem-se cristãos, acabou por virar tradição nos dias que correm. Não se tem a noção exacta de quando se começou a pregar tal presépio. Nas igrejas, tocam-se os sinos! Por períodos certos até certas horas da noite, mas apenas de dia. Porque não rende capital suficiente aos “donos do mundo” e os poderosos da religião católica. Senão seria até a noite acabar e o sol da manhã raiar.

Na passagem de anos, queima-se centenas de milhões de dólares e de dobras sob o augúrio de todos os dirigentes de todas as religiões, sendo uns de carácter religioso, outros laicos ou anti-religiosos, de cariz comercial. O que realmente se desperdiça, desde o primeiro dia do ano que se inicia, em todo o mundo, poderia corresponder a uma ceia diariamente a todos os pobres que existem por este mundo fora. Nós por ilhas de São Tomé e Príncipe, temos também Natal ajustado ao modelo ocidental, regido pelas leis da União Europeia e Estados Unidos de América, as quais desconhecemos os conteúdos. No saltar do Ano Velho para o Novo, há muitos comes e bebes, nas nossas lindas ilhas, onde o seu chão já deu cacau, café, cana-de-açúcar, que sustentou a riqueza de muitos grupos traficantes no século passado. Tudo se resumiu ao que chamamos de “budu”.

Há também o fogo-de-artifício, que ao ser disparado iluminando os céus, faz brilhar os olhos de muita gente humilde e transmitir uma certa esperança nos dias futuros. Muita fruta e banana ainda têm que ser plantada, e Deus não nos abandonará sem a abençoada chuva. Mas o povinho que não tem como alegrar as suas almas, há-de agradecer aos senhores por mais esse dia, mesmo sem conhecer o que o futuro lhe reserva. As freguesias irão festejar com pompas e circunstancias a denominada quadra festiva. Um ano após o jejum, lá vai o povinho que poupou de forma dedicada, durante longos meses, a sua cabeça de cabra, a sua franguinha, o seu leitão, a sua melhor colheita para arrebentar pelas costuras. Enquanto bailam ao som do socopé, da rumba, do kizomba, etc., os males parecem fugir por uns instantes dos pobres coitados. As economias de uma vida inteira de trabalho são queimadas num ápice. Os bolsos, que momentaneamente estavam cheios, passaram a estar furados! O Ano Novo chegou e vamos esquecer o passado, que é uma Nova Vida que nos espera! Ano este que, na realidade, pode ser bom para uns, péssimo para outros, ou seja, bastante melhor para uns do que para outros que vivem uma fase difícil de dor e muito sofrimento. Apesar disso, não se acanharam perante a missa do galo da véspera natalícia.

Olhando para as montras das lojas, para os artigos nos mercados, nota-se que no fundo nada se altera senão os preços dos produtos que sobem drasticamente, porque os vendedores são os mesmos e as mercadorias pouco variam. Vêm-se pessoas com rostos tristes de quem comeu carne de “gato temperado”, seus olhos lacrimejando de dor e revolta por algo sem explicação plausível. Muitos, padecem do mesmo mal que eu. Não conseguem suportar o elevado custo de vida, por falta de emprego ou por auferirem um “salário” insustentável, vendo-se obrigados a recorrer às alternativas desesperadas, pondo em causa a sua dignidade e honra. Portanto, se o Menino Jesus que está sentado à direita do Seu Pai Todo-Poderoso salvar-nos desse mal e livrar-nos da má conduta sócio-económica mundial, quiçá teremos um Natal melhor e os Anos Novos vindouros próspero.

Desejo a todos Um Bom Natal e Um Ano Novo Feliz.

Dra. Belinda Wakongo
20/12/2007

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