Wednesday, April 16, 2008

O CONFLITO ENTRE BLOCOS EM STP

O CONFLITO ENTRE BLOCOS EM STP

Longos anos se passaram desde que, estudantes são-tomenses, assim tinham vontade (ou por indicação dos pais) de fazer a sua formação ao nível médio ou superior, se candidatavam no Ministério de Educação e Desporto, para poderem sair do país para a ex-URSS, Cuba, Alemanha - ex-RDA, países do Bloco de Leste ou Oriente, e outras potências com a implantação de uma política socialista e aspirantes ao comunismo, para além do caso de Estados apologistas de Apartheid, como o Brasil. Para diferentes destinos, foram em nome do Estado são-tomense, seja na época pós-partido único, enviados milhares de cidadãos são-tomenses, jovens estudantes ingénuos, com muitos sonhos. Muitos ainda nem haviam terminado os seus estudos liceais e tinham uma bolsa de estudo como pioneiros da revolução para o exterior. Tudo isso se passou há escassos vinte, trinta anos, sensivelmente, onde já homens e mulheres regressaram às maravilhosas ilhas de S.T.P. com a intenção de fazer valer os seus conhecimentos, porem em prática a doutrina impingida no país de formação, tal e qual um recruta treinado para a frente de combate. Porém, começaram-se a fazer sentir os reflexos de um certo dogmatismo, um estado de estagnação mental e um elevado grau de desconhecimento básico relevantes sobre as suas áreas de “especialidade”.


Tentemos justificar o facto, para o tempo do Sr. Pinto da Costa, em que os responsáveis não necessitavam de qualquer grau académico ou conhecimento adequado para dirigir uma empresa agro-pecuária, um hospital, uma escola, uma instituição de Estado, etc., devido à carência e, simultaneamente, à exigência premente na altura. Pode-se imaginar que aquilo se passou apenas naquela fase, em que havia um número insignificante de quadros, num país que acabara de nascer, em que se tinha tudo por fazer, e era urgente para um Estado virgem tomar aquele passo politicamente, todavia não foi isso que se foi constatando ao longo dos anos. Passaram-se anos, o regime do partido único teve a sua queda com o murro de Berlim, e a história começou a ser escrita de uma outra forma. O rumo dos acontecimentos revolucionou tanto o Bloco de Leste e o Ocidente, de uma maneira geral. Porém, enquanto se enviavam uns estudantes para um dado Bloco, outros, embora em menor número, eram enviados para um outro Bloco (Ocidente, com uma política fascista ou democracia liberal).


Após a emigração em massa de recentes “quadros formados”, vindos de diversos pontos do Globo, os conflitos de interesse verificaram-se, e a partir daí começaram a existir indefinições conceituais e indecisões em tomar partido da cor política e corrente ideológica que se movia nas mentes desses jovens promíscuos. Ingénuos, centenas desses jovens foram se integrando em fileiras partidárias as quais desconheciam os ideais defendidos. Com o passar do tempo, o que lhes era estranho torna-se familiar e, para se acomodarem nos seus tão almejados cargos de destaque, vão sucumbindo aos caprichos de membros influentes das cores que militavam e que têm salvaguardado o seu posto de trabalho. A prova disso foi o número de partidos políticos que S.T.P. viu nos últimos tempos, para um país com apenas cento e cinquenta mil habitantes!


É bom que não nos esqueçamos de que, tal como enviavam para o Bloco aspirante comunista, foram igualmente enviados jovens para formarem em territórios que defendiam um regime oposto, militado por países “pseudo-Ocidentais”, principalmente para França, EUA, Portugal, etc., e outras escolas que pregavam outro tipo de ideologias adversas aos que aprendiam os seus irmãos que se encontravam no outro lado da trincheira - Bloco comunista. Não foi necessário esperar-se por muitos anos, para se notarem diferenças e choques de ideias e de concepções normativas da sociedade que nunca se enquadravam ou coadunavam com o pensamento africano, especialmente a realidade cultural são-tomense. O mais caricato no seio de toda esta controvérsia é que se foi deparando com jovens que, outrora inteligentes e distintos estudantes, provenientes de “prestigiadas” universidades do Bloco socialista, não possuíam a mínima capacidade de exercício mental e intelectual que se exige a um técnico com a licença de que era portador. Tem-se verificado que muitos deles, que inicialmente iam leccionar nos ensinos básicos e pré-universitários, antes de conseguir uma colocação como quadro efectivo (numa suposta área de trabalho – “Projectos” em Ministérios), não reuniam competências básicas para serem considerados licenciados. Nas direcções ministeriais ou em direcções de serviço de implementação de projectos de interesse do Estado, quando chamados revelavam enormes incapacidades técnicas e não conseguiam fazer melhor do que um aluno do primeiro ano universitário, em universidades reconhecidas internacionalmente. Pequenos relatórios técnicos ainda são feitos com imensos erros, inviabilizando muitas vezes a aprovação por parte de instituições cooperantes, e outras de natureza político-económica mundial, como o Banco Internacional. Por vezes, o governo é aconselhado pelos doutores europeus ou norte-americanos a contratar técnicos estrangeiros ao preço de ouro, para solucionar pequenas falhas e erros de operação.


Vemos os “trabalhos” vergonhosos, inqualificáveis, publicados em sítios digitais de S.T.P., com assinatura de economistas, engenheiros, médicos, jornalistas, mestres, etc., que tiram todo o mérito aos que realmente possuem esse estatuto. Com a criação de universidades em S.T.P., seriam exigidas contratações de quadros preciosos com nível superior, nessa fase de desenvolvimento do sector educativo, mas como podem imaginar, os mesmos senhores que não tiveram sucessos em provas prestadas em provas de alto nível, no estrangeiro, e outros sem qualificação básica necessária para integrarem a equipa de docentes, é que se encontram actualmente em exercício nas mesmas instituições de ensino, infelizmente. O que se pode esperar de um sistema de ensino de incompetentes? Um país incompetente, sem crédito e um sistema que conduz a um aumento de número de “profissionais” ignorantes e incompetentes, que se julgam ter apreendido algo, comparados com os seus homólogos em outras universidades. Muitos daqueles “docentes” nem podem se atrever a passar por uma avaliação pedagógica em universidade de Oxford, de Cambridge ou mesmo portuguesa (a não ser aquelas privadas onde haja corrupção). O que se manifesta claramente com as incessantes mudanças de governos num escasso espaço de tempo, motivadas por frequentes crispações internas num "partido-pai". Alerto para o facto de não querer com isso rotular todos os jovens quadros de paralogismo.


Muito se tem discutido acerca de recém-formados provenientes do Brasil, de Cuba, da ex-URSS, do Bloco de Leste, que nem parecem ter passado por testes com um elevado grau de exigência mental e conhecimento profundo sobre o mundo que os rodeia. Mas a verdade é que se pode provar que não estão habilitados com conhecimento que afirmam possuir. Para terminar e tentando ser menos influente na opinião que tenho sobre os jovens formados nas duas vertentes políticas, coloco-vos algumas questões.

- Será que os jovens que foram enviados para países com a onda revolucionária do comunismo possuem um conhecimento equiparado aos que formaram, por exemplo, em França, Reino Unido, EUA, Espanha ou Portugal?

- E o que acham das universidades instituídas em STP? Será que não precisamos de uma universidade onde possamos formar quadros qualificados e reconhecidos internacionalmente, onde pode haver intercâmbio de estudantes de todo o Globo?

El-A., Mars 7
Jykiti Wakongo

2 comments:

Luis said...

Estudei em Cuba(licenciatura) , fiz o mestrado(MBA) na Australia - Sydney Business School.Conclui os estudos com um aproveitamento de 98% e tive varias opcoes de emprego mesmo antes de receber o diploma.Ja la vao 4 anos . Fluente na lingua Inglesa,hoje trabalho para um grupo de empresas e presto servicos seja em Sydney,Dubai ,Qatar ,Bahrain,Texas etcc..
Tenho colegas Americanos,Franceses,Arabes, Mexicanos e outros.

Pergunto :
Terei eu conhecimentos equiparados aos que formaram, por exemplo, em França, Reino Unido, EUA, Espanha ou Portugal?

Existem casos de juristas formados na França que cometeram erros gravissimos a quando da eloboracao do dossier Petroleo ?

Será a culpa do sistema de ensino Frances pelo facto do jurista nao ter aprendido o que devia ?

Existem instituicoes em STP geridas a masis de 7 anos por quadros formados na Franca que nao sao tao funcionais e inovadores como deviam.Queres exemplo ?

O que diriam os gestores e juristas Americanos ? Que a França é um pais de merda ?

Porquê que os medicos tanto da Franca,Portugal e Espana sao submetidos a exames(assessments) antes de exercerem a profissao na Australia e nos USA ?

Entretanto os medicos formados em cuba,UK,singapura,new Zeland e da Africa do sul nao sao submetidos ao mesmos exames.

Sera um arquitecto Frances mais creativo do que o Brasileiro,chines ou russo por causa do sistema socio-economico,politico da Franca ?

A ignorancia,incompetencia,burrice nao tem horizontes.Seja em Franca,USA como em STP " salva-se quem ..... " That's the way it is.

Bom dia e aquele abraco patriota.
Felicidades e sorte pra todos.
Luis
e-mail:lsousa@wideform.com.au
Mobile: 61 413883299

Soba (Admin): Jykiti Wakongo»» said...

Sejalovadu Luís

Acusei a recepção do seu comentário há uns dias atrás, mas devido aos compromissos profissionais inadiáveis apenas hoje pude responder-lhe.

Fez muito bem em comentar este artigo. Estava mesmo à espera de alguém que tivesse uma experiência académica num dos blocos que citei e revelasse algo interessante.

Pois bem. Você pode ter sido uma excepção, por ter tido sucesso na sua carreira profissional, embora infelizmente fora de S.Tomé e Príncipe, mas a grande maioria de estudantes sãotomenses que foram enviados para Estados onde proliferava o comunismo apresentam uma ignorância gritante.

Alguns que julgam possuir conhecimento ao nível de mestrado ou doutoramento foram redondamente enganados! Embora se assumissem como intelectuais competentes foram iludidos por imbustes desses cientistas brancos. Pela falta de mérito que denotam possuir, mesmo depois de constatarem a sua incompetência (na sua área de formação) comparando com seus homólogos euro-americanos, europeus (brancos de uma maneira geral), continuam a insistir que percebem coisa alguma.

Concordo consigo quando diz que a capacidade intelectual de um indivíduo é independente do local de formação, por isso que reforçava o facto de construirmos uma UNIVERSIDADE em S.Tomé e Príncipe que fosse reconhecida internacionalmente, onde fosse capaz de formar quadros de qualquer parte do mundo.

Isto significa que alguns estudantes formados na Europa não possuem competências tal como os oriundos de Cuba, Brasil, ex-URSS, mesmo dos EUA, forjaram certificados de habilitação e não são inteligentes. Muitos filhos de políticos, poderosos com "nome" em S.T.P, nunca chegaram a ter um diploma em França, Portugal, Reino Unido, e em PARTE ALGUMA do mundo!... (eu diria: só se for atrás da feira da ladra)

Como poderão mostrar serviço? IMPOSSÍVEL!

Países que não possuem instituições sérias, sejam de ensino, gestão, defesa, saúde, etc., não terão os seus quadros aceitem sem as devidas reciclagens. Está de acordo, Luís? É que existem países que reprovariam o seu certificado cubano, por questões políticas.

Disponha sempre.

Iyemanja zuda non,
Jykiti Wakongo