Wednesday, April 16, 2008

A Sociedade Juvenil São-Tomense

A Sociedade Juvenil São-Tomense

O facto de estarmos actualmente a viver uma fase em que existe uma forte propagação e um acesso bastante grande à informação, as sociedades em todo o mundo têm-se transformado numa comunidade pequena, onde cada membro dessa comunidade desempenha um papel preponderante na vida social do outro, a distâncias extremamente grandes, trocando ideias, experiências, conhecimentos, etc. Apesar dessa proximidade e da fácil acessibilidade a todo o tipo de informação, os jovens têm demonstrado enormes dificuldades em lidar com vários aspectos inerentes à vida dos cidadãos numa sociedade. Nota-se que, cada vez mais, por factores de ordem diversa, os jovens negligenciam a sua identidade, ficam alheios às questões que primem com a sua afirmação no meio sociocultural.

A juventude como base que suporta qualquer sociedade constitui um grupo social bastante importante, do qual depende toda a estrutura económica, política e social de qualquer país. Por isso, esse grupo composto por jovens, que contribuirá para a dar continuidade a políticas sociais e construção de modelo de sociedade para o futuro, deveria acompanhar mais de perto os problemas existentes na nossa sociedade e discutir as estratégias que são definidas pelas autoridades governamentais, para que se possa orientar da melhor forma o destino de milhares de cidadãos são-tomenses. A ausência de uma participação activa dessa camada da população civil nos aspectos prementes da nossa sociedade tem sido muito prejudicial para os nossos jovens de hoje. A falta de definição de valores culturais, hábitos e costumes, de afirmação social, de orgulho nacional, cedendo às influências de culturas estrangeiras, tem empobrecido a cultura intelectual dos que deveriam lutar pela manutenção da coisa que é sua e foi dos seus antepassados, evitando a colonização ou neo-colonização voluntária, o que torna a nova geração uma Geração Perdida. Há que se direccionar os jovens a desenvolver e promover discussões e reflexões acerca das causas que estão subjacentes ao facto de se verificarem fortes negligências em algo que lhes diz respeito. Portanto, trata-se de uma questão que requer uma atenção especial por parte dos responsáveis, que somos todos nós, no sentido de assumir uma posição mais linear na preservação e na difusão às gerações vindouras, daquilo que nos caracteriza como gente, pessoas de tradições virtuosas, dignas de respeito e zelosas de seus valores.


No que concerne às directrizes a seguir, isso será algo a ser delineado pelo grupo social, segundo as características e os padrões culturais em que esse grupo se encontra inserido. As preocupações e os anseios dos jovens podem ser ouvidos e resolvidos perante uma união estruturada e bem organizada de membros da comunidade com capacidade de intervenção e actuação, recorrendo-se às ferramentas de associativismo e outros meios de busca de caminhos para a procura de respostas aos mesmos, respeitando as normas e regulamentos de que fazem parte a nossa constituição. Quanto às metas a atingir, de uma forma muito resumida, pode-se afirmar que são: a mobilização dos jovens no sentido de os motivarem a aderirem a movimentos sociais e culturais que manifestem e promovam actividades culturais do nosso país, para que estes encontrem uma ligação fraternal e harmoniosa com o que os identifica como cidadãos são-tomenses; dar uma maior abertura para escutar quais os objectivos dos jovens e dinamizar o diálogo e trocas de experiências entre as demais camadas etárias da nossa sociedade; contribuir para o encontro do que se entende por afirmação de um cidadão (especialmente, numa fase bastante importante da vida de um indivíduo, i.e., quando se atinge a maioridade) numa sociedade, a descoberta de uma identidade que desconhecia.


Os obstáculos para almejar as aspirações com os quais sonham centenas e milhares de jovens em São Tomé e Príncipe, devido aos diversos factores alheios à sua vontade, são muitos. Mas todos sabemos que não devemos cruzar os braços e deixar que alguém resolva os nossos problemas por nós! Os problemas patentes na vida dos jovens como os de desemprego, educação, miséria, habitação, pobreza, salubridade, saúde, alcoolismo, abandono familiar, subnutrição, etc., têm perseguido o quotidiano dos mais fracos e desfavorecidos dentro da nossa população, mas nem por isso nos devemos deixar abater por eles. Temos que perspectivar novas medidas robustas de combate a esses males que afligem teimosamente a sociedade são-tomense, porém, não devem ser definidas ao prazer de uns e outros que pretendem atingir propósitos pessoais, procura de alcance de prestígio do seu nome pessoal, em nome da sua acção “humilde”.


A utilização de meios de comunicação, nomeadamente a Internet, a imprensa digital ou o correio electrónico, que fazem parte das novas tecnologias, no processo de informação e divulgação de assuntos relacionados com questões da actualidade e anseios com que deparam constantemente os nossos jovens infelizes, proporciona uma maior viabilidade nos contactos e permite um intercâmbio com uma maior abrangência no grupo alvo. Não obstante, não se pretende com isso, que os visados não tomem iniciativa quanto à procura de formas de demonstrar o seu descontentamento em relação ao programa de ensino, que não transmite nem incute valores nacionais; na forma como se planeia o desenvolvimento de prática desportiva nas escolas; manifestando perante o não reconhecimento de acções por eles levadas a cabo, especialmente de carácter cultural; acerca da desvalorização dos interesses dos jovens por parte de autoridades competentes, que não lhes ouvem com a atenção que merecem. Trata-se mais de um direito democrático, um apelo a uma liberdade de transmissão de ideias ou informações que beneficiem um grupo integrante da sociedade civil e não de uma revolução social. Neste contexto, fica um convite a toda a camada jovem da nossa sociedade para que abram a sua mente e tenham coragem de se afirmar, de modo que não sejam esquecidos e corram o risco de serem rotulados de “Geração Perdida”.

Dra. Belinda Wakongo
14/12/2007

No comments: