
O povo de São Tomé e Príncipe tem a fama de ser preguiçoso, de não trabalhar as suas glebas, de abandonar o Obo, deixando tarefas de esforço para os que têm vontade de trabalhar nas roças, que são poucos, e dirigirem-se para a cidade e periferias. Mas como o emprego disponível na cidade é de tipo serviços, na sua maioria, e destinado a indivíduos com alguma capacidade técnica e conhecimento académico básico, logo as probabilidades de empregabilidade são baixíssimas. E esses serviços são escassos para tantos candidatos, embora muitos desses apresentem habilitações abaixo da média, com enormes dificuldades de acesso às novas tecnologias. A grande parte dos que são admitidos não se sujeita a quaisquer testes de aptidão e são introduzidos em sectores de elevada responsabilidade por “cunhas”. Logo, não restam muitas alternativas aos que não se enquadram no “esquema” senão irem para as feiras.
Nas periferias da cidade de São Tomé, apesar do elevado número de desempregados entre os jovens, são considerados como problemas mais graves a falta de corrente eléctrica e, quase paralelamente, a falta de água potável. Até há bem pouco tempo, eram acrescidos de carência de transportes públicos e centros de saúde com técnicos especializados e medicamentos. Mas na realidade, o problema é ainda mais grave e se prende com o crescimento da população na cidade e consequente aumento de mão-de-obra em local sem preparação para a acolher (desemprego), conduzindo a uma frustração entre a camada juvenil e consequente marginalização.
Não existem fábricas, infra-estruturas e condições que propiciam a criação de emprego dentro da cidade nem nas periferias da mesma. A grande parte da necessidade da população foca-se em bens alimentares. A luta constante da maioria da população, que é constituída por jovens, é a busca do pão. A crise é tanta que, embora sabendo de as notícias tristes de fecho de centenas de fábricas e aumento vertiginoso de desemprego no exterior, a tendência para a imigração é manifestamente grande.
Enquanto não se produzir nas roças, em projectos geridos pelo Estado, não dando créditos financeiros aos pequenos “agricultores” que, após consumirem todo o capital, destroem todo o bem que encontraram nessas roças (como o corte indiscriminado de árvores), não haverá forma de suster a avalanche de procura de produtos alimentares no nosso país. Estamos à espera que se importe tudo! Até o sal para cozinha… algo que seria produzido por nós, sem grandes sacrifícios para o Estado. Se calhar, ironicamente, até compramos o sal produzido em países que não têm mar à sua volta!
Isto é incrível!





Nos dias de hoje, somos nós, os “patrões”! Não somos obrigados a trabalhar… (“o que muitos confundem com o conceito de democracia”) …e outros têm subtraído indevidamente o bem daquele que diariamente labuta para conseguir o sustento para a sua família. Toda a população quer ter uma vida facilitada, de boémia, sem suar nas suas roupas. Por isso, grande parte dela vem exercendo actividades ao nível de comércio ambulante. E quem não quer? O resultado é o que se conclui trivialmente. Todos não podem dedicar-se a uma mesma actividade. Se todos tentarem vender roupas importadas, como é que se processarão as trocas com outros bens igualmente essenciais para efeitos de ciclo natural de câmbio que envolve a vida numa sociedade? Numa economia mais básica, a posse de um produto para uma potencial troca com outro que se deseja adquirir é que significa a existência de mercado.
No cenário que temos neste momento, por causa da falta de outros canais de fornecimento de bens para efeitos de troca, torna-se impossível haver condições que sustentem uma economia auto-sustentável. As lacunas criadas em áreas de produção alimentar chave, tais como no sector agro-pecuário, pesqueiro e industrial, têm sufocado o desenvolvimento da sociedade. As consequências de carência de produtos básicos a preços acessíveis, sublinhando o factor troca de um bem por outro que não existe, provocam degradação física e até mental nos elementos da comunidade. A ausência de proteínas na alimentação das crianças, a subnutrição, por falta de alimentação saudável tem provocado enfraquecimento na saúde das mesmas tornando-as vulneráveis às doenças, desprovendo-as de defesas naturais a que o organismo humano produz.

Depois, surgiram rumores de que havia sido descoberto o “Ouro Negro” nos mares de São Tomé e Príncipe, que estavam todos ricos (dado o número de cidadãos versus volume de riqueza) e que não mais necessitariam de trabalhar ao longo das suas vidas. Mentira! Mas isto caiu que nem uma boa rumba nos ouvidos do foro. O facto de poder deixar o Obo com cobras e ir lá de vez em quando só para cortar uma pinha de banana, tirar uma cabeça de jaca, arrancar algumas matabalas à beira da estrada, deve ter-lhe dado uma alegria do tamanho do mundo. Desde antigamente que os foros deixavam as suas roças virarem Obo, cheias de relva alta, trepadeiras e impenetráveis, como se os respectivos donos tivessem falecido. Esses passam por lá, muito raramente, como se nada tivesse relacionado com eles, e quando vêm um vizinho seu (às vezes branco ou estrangeiro) a capinar e a plantar bananeiras, fazem troça do trabalhador, mas assim que o fruto do trabalho desenvolvido por este último estiver ao seu alcance (isto é, a banana já criada), sem o mínimo de escrúpulo o infiel estende a mão pedindo uma dúzia de banana para matar a sua fome.
Para que o foro possa deitar as mãos à obra e pegar na enxada, para produzir e deixar de se fechar em gabinetes a discutir assuntos supérfluos, deve-se dar um abanão. Sendo mais claro, a aplicação do “sudu” (estalo, bofetada) para despertar população para a dura realidade da vida. Ou seja, em foro: “Sela a da povo sudu pa e po sonbla y koda ni sono ku e sa ne!”.
W.C., May 01
J.Wakongo
5 comments:
O nosso maior problema está na falta de produção, sim! A agricultura já não é o que se esperava que fosse, dada as condições favoráveis do nosso clima. As pessoas deixaram as roças e foram viver todas para a cidade, e agora não há mercado para acolher toda a gente. A aposta na agricultura poderá ser um meio para solucionar a crise financeira pela qual o país vem sofrendo...
A.C.
Caríssimo!!
Sobre o artigo no Kimangola, o mesmo artigo foi iniciado por um pedido de desculpas, por não ser um historiador, quero dizer não possuir s fontes primárias que me pudessem aproximar da suposta verdade.
Escreveu sobre ser ou não científico. Tou de acordo quando poê em causa o conceito do "Descobridor" mas se calhar os europeus "chegaram" e não descobriram.Por outro lado não tenho grande ajuda quando se invoca o científico e nos pautemos pelo diz-se sabe-se etc.
Posso lhe citar a bibliografia utilizada e lá figuram sãotomenses.
Um pouco como a situação dos Angolares. assim agradeço-lhe caso me possa citar fontes primárias ou indícios atraves do relacionamento com as verdadeiras origens de São tomé.Considero no entanto que este assunto não tem rigorosamente nada a ver com cores de epiderme mas sim pela "GULA" que todos nós temos pelo dinheiro e pela tendência para a manipulação para usufruto. O ser humano que pretenda fazer análises sobre qualquer componente social e económica sustendo-as na cor da pele, limita a sua aproximação á suposta "verdade".
Permita fazer-lhe no entanto uma pergunta:
será que o facto de São Tomé ser ou não habitado e se a origem vem dos Bantus ou se se "descobriu" ou foi "encontrado" altera em algo a situação. quero dizer uma solução humanitária em que todos tenham acesso a uma vida livre?
Eu creio no princípio de que ningu~em é dono seja de terra for.
Agradeço no entanto o seu e se possível faculte-me informação histórica. Eu quero aprender.
Kimangola
Pois bem. O problema que se arrasta ao longo de dezenas de anos em S.T.P é a falta de produção no campo, nas roças, onde a população já abandonou quase por completo as antigas fazendas. O estado privatizou empresas agrícolas com a finalidade de obter uma maior rentabilidade, porém os resultados têm sido um fracasso e a população sente o impacto dessa política económica.
Os bens de primeira necessidade estão caríssimos e não forma de inverter a situação. Todos sentaram-se à beira da cidade à espera dos dividendos do negócio de exploração do petróleo. O que tem sufocado o desespero do povo, considerado um dos que vive no limiar de extrema pobreza.
Há que se tomar uma posição séria em termos governamentais, para que se possa tomar um outro rumo e mudar a tendência de deixar estar e esperar que as coisas caiam do céu. O povo de S.T.P tem de mudar a sua mentalidade de léve-léve e trabalhar no duro...
Um bem-haja!
Dr. Paulo Oliveira
Tu deves viver noutro mundo!!!
O que se passa em STomé é pura e simplesmente anarquia!!! É roubo, é descriminalização de tudo e mais alguma coisa... e tu vens falar de brancos e pretos!?!?!? A sorte de STomé era passar a ser parte de Portugal de novo!!! Pois desde que é independente a coisa não para de piorar para a maioria - claro que há alguns "patriotas" que se dão e se deram muito bem na vida!
STomé não é uma nação e não é um país - é pura e simplesmente inviável...
Ass: Alguém preocupado com S. Tomé
Sejalovadu "Alguém preocupado com STP"!
Quanto ao facto de falar de pretos ou de brancos ou até mesmo de passoas de olhos em bico não lhe diz respeito. Falo daquilo que me apetecer, onde, quando e como bem entender...
Lamento a sua falta de inteligência e escrúpulos. A ignorância latente faz com que diga disparates. STP na mão de brancos novamente? Para você ter que pedir licença para entrar na cidade? Ser preso por ir à busca dos seus direitos? Para trabalhar para o branco, onde ele com os seus filhos no trono a comer carne, a mandar bens para a Europa, enquanto você e todos pretos vão comendo peixe do programa "PAM" ou que o diabo amassou?
Você é um TRAIDOR, NEO-COLONIALISTA, ANTI-NEGRO! Por favor, aprenda conceitos de Nação, Estado e saiba que ÁFRICA PERTENCE AOS NEGROS, DOA A QUEM DOER!
Iyemanja zuda non,
Jykiti Wakongo
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