Monday, September 24, 2007

DESU MU FOLO

DESU MU FOLO

A religião negra, o Deus negro!

Falar da religião é um ponto que inquieta a grande massa, devido às diversas formas que existem de demonstrar a fidelidade e ter crença em Deus. Um Deus que foi mascarado do ponto de vista ocidental e inserido na fé religiosa africana. Um dos exemplos práticos é o caso do djanbi. Esta é uma manifestação de culto religioso tradicional africano assente no espiritismo e rituais muito antigos que nos liga ao passado. Nos dias de hoje, o mundo moderno tenta fazer esquecer essa história cultural e as autoridades culturais nacionais pronunciam um elevado grau de negligência em relação à preservação, ao estudo e à divulgação desses valores culturais.

O cristianismo, que é profetizado pela maioria da população santomense, foi pregado pelos colonos europeus nas suas conquistas/invasões agressivas contra reinos e estados "não-cristãos", para que pudesse estabelecer um total controlo e domínio político, económico e social nesses novos territórios. O que foi encontrado anteriormente por esses invasores acabou por ser extinto ou proibido, conduzindo assim à morte dessas práticas de adoração à um Deus, com uma perspectiva distinta das professadas por esses "evangelizadores" ocidentais. A partir do instante em que se dá a conversão por uso da força, o regime vigente põe em prática a aniquilação de todos os vestígios e conceitos da existência de um deus venerado pelos negros. A forma de veneração, tal como a transmissão de mensagens através de espíritos, processava-se de forma diferente da dos colonos invasores vindos do ocidente. De igual modo, o ser omnipresente que representava o ente supremo e divino era diferente do anunciado pelos ditos pregadores de Cristo.

A história narrada na pessoa de Deus todo-poderoso, a vista dos povos ocidentais foi assim assimilada e profetizada, pelos então escravos e oprimidos em territórios ocupados sem qualquer tipo de objecção. A objecção implicaria um desafio às ordens supremas do regime opressor e a existência desses membros da sociedade sob domínio seria posta em causa. Num sentido meramente lógico, diria que a imagem de Cristo, filho de Deus e santos que nos rodeara, enquanto reinava a imposição de culturas e valores ocidentais nos nossos territórios, é uma imagem puramente semelhante aos habitantes provenientes do ocidente. Com toda a certeza, os nossos santos e deuses eram semelhantes aos negros, como nos fizeram crer, pelo contrário, os colonos opressores em relação aos seus santos e Deus.

Na minha óptica, existem tantos santos negros quantos os brancos. E o Deus africano é Negro. Acredito piamente num Deus Negro, nas forças espirituais ignoradas pelos filhos da África, que durante séculos fora ocultado pelo poder da força e violência e substituídos pelo retrato criado pela igreja ocidental. Sabe-se que as histórias de Vaticano, inserido num país de "mafiosos", como o poder divino de maior nível mundial, que é o estado mais rico do mundo, serve para estigmatizar e implantar de forma sólida o misticismo ao redor daquilo em que os fiéis acreditam, porque há centenas de anos foram forçados a acreditar.

Há quem diga que viu a nossa senhora de Fátima (pelo facto de ter supostamente aparecido para três garotos que pastavam ovelhas em Fátima, uma freguesia de Portugal), a azinheira, a luz, tudo isto em Portugal, há precisamente noventa anos!? Que negócio, esse dos três pastorinhos e os segredos da santa, os sacrifícios dos pecadores que fazem as promessas e peregrinam até quase morrer... e se nada lhes acontecer de bom, costumam a rogar praga para a sua maldita santa?!...

Sabem de uma? Eu vi o nosso senhor Jesus Cristo, mas não estava no céu nem era branco como nos desenhos dos brancos. Eu até dou-lhes razão, porque se eu fizer um negócio com uma santa e ela não me der lucro, tenho que lhe pedir justificações! Eu cá espero ainda poder vir a ouvir uma história semelhante, mas a ocorrer no solo santomense, preferencialmente, uma nossa senhora sobre uma palmeira, sobre uma mangueira ou sobre um safuzeiro, na zona de Obbo, na qual denominaríamos de "nossa senhora de Obbo". Não seria fantástico?

Ainda irei procurar alguns garotos vinhateiros de Obbo para inventarem uma história dessa e contarem que guardam um segredo de Obbo, que é extremamente importante para a humanidade! Um desses supostos segredos, eu até já sei qual é: o aquecimento global. Não cortem as palmeiras, as mangueiras, os safuzeiros...
Paji ku amole ni tela non ku Desu non Folo.

Jykiti Wakongo

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